quarta-feira, 12 de setembro de 2007

A VIOLÊNCIA DAS LEIS

A VIOLÊNCIA DAS LEIS

Por Leão Tolstói

Muitas constituições foram criadas de modo a fazer com que as pessoas
acreditassem que todas as leis estabelecidas atendiam a desejos expressos pelo povo. Mas
a verdade é que não só nos países autocráticos, como naqueles “supostamente” mais
livres as leis não foram feitas para atender a vontade da maioria, mas sim a VONTADE
DAQUELES QUE DETÊM O PODER. Portanto elas serão sempre, e em toda a parte,
aqueles que MAIS VANTAGENS POSSAM TRAZER À CLASSE DOMINANTE E AOS
PODEROSOS. Em toda a parte e sempre, as leis são impostas utilizando os únicos meios
capazes de fazer com que algumas pessoas se submetam à vontade de outras, isto é,
pancadas, perda da liberdade e assassinato. Não há outro meio.
Nem poderia ser de outro modo, já que as leis são uma forma de exigir que
determinadas regras sejam cumpridas e de obrigar determinadas pessoas a cumpri-las
(ou seja, fazer o que outras pessoas querem que elas façam) E ISSO SÓ PODE SER
OBTIDO COM PANCADAS, PERDA DA LIBERDADE E COM A MORTE. Se as leis existem,
é necessário que haja uma força capaz de obrigar as pessoas a respeita-las. E só há uma
força capaz de fazer com que alguns seres se submetam à vontade de outros e esta força é
a violência. Não a violência simples, que alguns homens usam contra seus semelhantes
em momento de paixão, mas uma VIOLÊNCIA ORGANIZADA, usada por aqueles que tem
o poder nas mãos para fazer com que os outros obedeçam à sua vontade.
Assim, a essência da legislação não está no sujeito, no objeto, no direito, na idéia
do domínio da vontade coletiva do povo ou em qualquer outra condição tão confusa e
indefinida, mas sim no fato de que AQUELES QUE CONTROLAM A VIOLÊNCIA
ORGANIZADA DISPÕEM DE PODERES PARA FORÇAR OS OUTROS A OBEDECÊ-LOS,
fazendo aquilo que eles querem que seja feito.
Assim, uma definição exata e irrefutável para legislação, que pode ser entendida
por todos, é esta: “AS LEIS SÃO REGRAS FEITAS POR PESSOAS QUE GOVERNAM POR
MEIO DA VIOLÊNCIA ORGANIZADA, QUE, QUANDO NÃO ACATADAS, PODEM FAZER
COM QUE AQUELES QUE SE RECUSAM A OBEDECÊ-LAS SOFRAM PANCADAS, A
PERDA DA LIBERDADE E ATÉ MESMO A MORTE.”

6 comentários:

Clecio Dias disse...

É verdade, Armênio, as leis são uma forma de dominação e quando os inclui é para prendê-los.

Abcs
Clécio Dias
Direito Favip
2º período

Sérgio Ricardo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sérgio Ricardo disse...

Para mim, o discurso de verdade empregado pela lei durante todos os séculos é o que faz dela um mecanismo de controle e perpetuação do abismo que existe entre as diversas classes que compõem essa "justa" sociedade.

Sérgio Ricardo
Direito FAVIP
2° período

Sérgio Ricardo disse...

Para mim, o discurso de verdade empregado pela lei durante todos os séculos é o que faz dela um mecanismo de controle e perpetuação do abismo que existe entre as diversas classes que compõem essa "justa" sociedade.

Clecio Dias disse...

Seria essencial para o curso de Direito que componentes curriculares como Ciência Política, Sociologia e Filosofia se estendessem por mais períodos.
Todas as obras que analisamos nas disciplinas que você ministrou foram muito bem aproveitadas.
Você soube garantir que o conteúdo fosse passado de forma dinâmica e crítica.
Tenho certeza que tudo o que vimos em suas aulas serão de extrema importância para que, quando estivermos atuando na área, saibamos analisar não só o sistema jurídico, mas toda a gama de relações sociais, as quais o Direito busca regular.
O melhor de tudo, foi vislumbra as idéias de Foucault, que no curso de Letras eu já queria entender, mas não conseguia, devido ao pouco tempo de aula que vi. Com você nós trablhamos muito bem Vigiar e Punir e Microfísica do Poder e elas abrem o leque para que entendamos as demais obras.

Abcs!

Clécio Dias
Direito Favip
2° Período

Sérgio Ricardo disse...

Onde está a liberdade individual? Alguém aí está enxergando a igualdade camarada? Ou será que estamos vivendo a “era do grande irmão”? Caminhamos e nem sabemos para onde. Somos condicionados dia-a-dia a entender o bastante que devemos saber. Os discursos tão dotados de verdade e legalidade são tão confortáveis que nem mesmo nos perguntamos se é verdade. A nestesia se assemelha a esse “cinismo do todo”. Adoramos fingir! Fingimos estar com alguma dor quando crianças para ganhar um doce, fingimos ser puros quando na verdade somos tão odres quanto os que apontamos. Idolatramos os ídolos e fingimos ter amor ao próximo. O individualismo contemporâneo e toda sua tecnologia de bem estar destrói e aniquila o contato humano, traz “progresso e prosperidade” para os homens de “bens”, enquanto nós... Não existe avanço sem retrocesso, não há a possibilidade de bem comum. O melhor a se fazer é continuar e fingir, fingir que a alteridade tenha algum significado, que na verdade sirva algum dia para alguma coisa. A construção do social se da na falsidade e nos fingimentos altruístas que nós tanto valoramos e aceitamos como portadores de esperança.

Sérgio Ricardo
Direito FAVIP
2° período